[TCG] Report do 2º Lugar no Regional de Sines



Por  Lawliet Shinzo     4/13/2016     

Este último fim-de-semana foi marcado pelo começo da segunda
época de Regionais de TCG em Portugal, e Sines foi palco do primeiro grande
evento primaveril que juntou jogadores de todo o país e além-fronteiras; os
espanhóis têm sido, aliás, fregueses habituais nos últimos tempos em
competições em solo lusitano e foram agraciados com algum sucesso durante a
rodada de Regionais de Outono, com um formato Standard ainda bastante assente
em decks como Manectric/Bats, Lucario/Bats, Yveltal, Vespiquen ou Night March/Milotic,
com consideravelmente menor consistência (e menos cancro também, uma vez que o
T1 item lock não era praticável – de facto, item lock era quase inexistente
visto que Seismitoad-EX não tinha a preciosa ajuda do agora rampante Fighting
Fury Belt ou Puzzle of Time e a ameaça de Vespiquen pairava no ar de forma mais
intensa).





O metagame mudou desde então e o sentimento geral entre a
comunidade norte-americana tem apontado para o domínio indiscriminado de Night
March com Puzzle of Time, que arrasou os States de alto a baixo, com melhores
resultados que todos os seus quatro counters mais diretos combinados:
Seismitoad, Vespiquen/Vileplume, Trevenant e Greninja. Mas se Night March tem
sido uma força opressora entre as hostes americanas, tal não tem tido a mesma
repercussão no Velho Continente. Depois do sucesso da lista específica de Mehdi
Hafi, francês que venceu o European Challenge Cup em Arnhem no passado
Fevereiro, Night March tornou-se claramente o alvo a abater e as competições na
Europa não permitem flexibilidade para se fazer all-in nas apostas consideradas
seguras: os jogadores tiveram que se adaptar às características de Night March
para descobrir decks que pudessem fazer frente à sua pura velocidade, damage
output e prize trade, e ao mesmo tempo serem capazes de ter matchups positivos
contra o resto do metagame, que basicamente seria também ele uma resposta a
Night March, ou a decks que se especializavam em focar-se contra este. O que
aconteceu foi um declínio no uso de Night March e o sucesso incontestado de
decks cujo objetivo é não deixar o oponente jogar, como Straight Seismitoad
(apenas 4 sapos e 2 Shaymin-EX, o resto é tudo energy denial e recycle ou
survivability), Trevenant (que foi também determinante neste último
fim-de-semana nos States para lá do Atlântico), Vespiquen/Vileplume, que com
Revitalizer conseguiu encontrar alguma consistência e teve resultados bastante
positivos na Europa Central, e Wailord/Aegislash, um verdadeiro anti-meta que
apanhou toda a comunidade desprevenida em Longjumeau, França, quando o
neerlandês David Roodhof venceu o respetivo Regional sem que ninguém
encontrasse uma resposta imediata para esse deck. Acontece que Wailord
apresenta, no entanto, uma fraqueza explorada pela sua maior ameaça: Greninja,
que é, a meu ver, o melhor deck do metagame neste momento, tendo vencido,
inclusive, o primeiro Regional deste ano civil em Portugal, encontrando-se na
pole position para maiores sucessos, uma vez que os decks que lhe conseguem
fazer frente – Pokémon grandes que consigam fazer one hit-KO e com elevado
número de pontos de vida – estão em cheque devido à existência de Night March
que castiga em quem aposta em decks desse género através de um prize trade
favorável, bem como Seismitoad/Giratina, que combina um energy denial agressivo
com prize denial eficaz, item lock com soft lock e imunidade contra megas.





Mostrada a tendência atual do metagame à medida que entramos
em época de Regionais, posso avançar com o report de Sines, evento no qual me
classifiquei em 2º lugar de entre 23 Masters depois de um set de Swiss Rounds
bastante suado e de duelos a eliminar muito intensos que podiam pender para
qualquer lado até ao fim. A minha escolha de deck, Seismitoad/Giratina, tem
sido um claro favorito meu ao longo de toda a minha curta carreira: de facto,
todos os Top Cut que fiz até hoje foram com este deck, seja na variante
Standard ou Expanded, refletindo claramente a minha preferência de estilo de
jogo. Mas a escolha não recaiu apenas por ser o meu velho amigo sapo; as longas
discussões que tive com todos os meus amigos, desde o João Dionísio e o Eduardo
Madeira da Liga de Coimbra; ao alemão Nico Sutter, campeão do City de Nancy em
França com Seismitoad/Giratina e parte integral da Team Quaking Punch; ao David
Roodhof, campeão do Regional de Longjumeau e Top 4 no ECC também com
Seismitoad/Giratina e ao finlandês Lasse Puisto, finalista do Regional de Nice
e a pessoa mais chill que conheço, chegaram a uma inevitável conclusão: o
formato está claramente pendente para os non-EX que ataquem rápido e sejam
versáteis, mas as ferramentas existentes em Standard são mais adequadas para
quem joga Seismitoad. Montar um deck de Seismitoad é a coisa mais fácil do
mundo porque se sabe automaticamente quais as cartas que são 100% necessárias,
como Crushing Hammer, Super Scoop Up ou Trainer’s Mail. Mas senti que, além, da
falta de damage output do sapo, o deck não estaria preparado para matchups
complicados como Vespiquen/Vileplume, Trevenant, Greninja, Slowking, Malamar,
por aí em diante. O denominador comum está no uso de abilities, e apesar da
existência de Hex Maniac, a inclusão de Garbodor parecia-me ser francamente
necessária. Mas somente isto não me ganhava esses matchups complicados e daí
surgiu ao João Dionísio a ideia do Latios-EX.


Epá que realmente o donk é capaz de dar frutos num metagame
onde metade das vezes o adversário começa com um Pokémon solitário com 60HP ou
menos. Sim, é capaz, é provável, e não existe melhor deck para incluir tal
gimmick do que Seismitoad/Giratina, que tem consistência o suficiente para
fazer sair um Latios facilmente com Double Dragon Energy e Muscle Band,
explicando a minha inclusão de duas Skylas sugerida pelo Nico Sutter de forma a
maximizar a consistência e a ter tudo o que preciso o mais rápido possível.
Arrisquei e levei esse deck com essas techs específicas na esperança de me
serem úteis porque quase seguramente levaria com maus matchups pela frente.



















Round 1: Adrián Gomez (Night March) WW – 1-0-0





A comitiva de espanhóis fez sentir a sua presença em Sines e
na primeira ronda enfrentei o Adrián, que se apresentou com Night March
clássico. O meu deck veio preparado contra Night March por força do meu
playtesting, tanto com sapo como com próprio Night March, para perceber quais
as minhas aflições quando jogava com o deck e saber então como provocar essas
mesmas aflições no meu oponente. Neste caso, a prioridade passava sempre por
colocar um Fighting Fury Belt no Seismitoad-EX o quanto antes e provocar um
Judge/Quaking Punch lock. A combinação é especialmente eficaz contra Night
March já que uma boa lista de Night March joga com oito ou nove Supporters e a
probabilidade de um Judge madrugador os tirar do jogo é aterrorizante. Assim
aconteceu, e enquanto a pilha de descartes do meu oponente ficava praticamente
vazia, ele dizia a minha palavra preferida, “pass”, e eu pude confortavelmente
aplicar a minha pressão em ambos os jogos, controlando a minha mão e o campo de
forma a poder ter resposta para qualquer eventualidade. Ambos os jogos correram
suavemente em função disso e acabei por vencer sem ter concedido um único
prémio, o que me deixou confiante para as próximas contendas.








Round 2: Gonçalo Pereira (Straight Seismitoad) LL – 1-1-0





Se o duelo com Night March tinha comprovado a boa aplicação
da minha teoria, a minha cabecinha foi perfeitamente capaz de lhe se ter
escapado um pormenor importante: o mirror. Sabia e admitia o mau matchup contra
Sapo que jogasse energias de água, sobretudo porque sacrifiquei os Head Ringers
e os Puzzle of Time a favor de techs para outros matchups. A má preparação
coadjuvada com o facto de no outro lado estar o Top 8 do Mundial de 2014,
Gonçalo Pereira (que terminou os Swiss Rounds em primeiro lugar, diga-se de
passagem), contribuíram para que este jogo fosse o oposto do primeiro e não
conseguisse em altura nenhuma tocar sequer nos Pokémon do Gonçalo, quanto mais
incomodá-lo ao ponto de dar luta. O elevado disruption e capacidade de resposta
juntamente com a pressão aplicada e inteligência demonstrada do Gonçalo fizeram
com que o jogo acabasse antes sequer de ter começado. Vitória justíssima para
ele num duelo em que eu não tive absolutamente nenhuma hipótese.








Round 3: Paulo Silva (Vespiquen/Zoroark) LL – 1-2-0





Reencontro o Paulo Silva depois de termos jogado pela
primeira vez em Lisboa, altura em que praticamente lhe demonstrei a honra que
sentia em poder jogar contra um Top 4 de Mundial. Até àquele momento, o outro
único jogador que conseguiu façanha similar que enfrentei foi o checo Martin
Janous, Top 8 em 2015, mas reconheço o mérito e o talento do Paulo pelo que o
respeito que sentia por ele era tão forte como a intimidação que o nome dele me
provocava. Apesar de tudo, ele é uma pessoa de extrema acessibilidade e o nosso
jogo foi bastante descomplexado e leve, algo que aprecio bastante mesmo em
ambiente competitivo. A experiência do Paulo prevaleceu decisivamente e mais
uma vez me vi em má posição, enquanto ele me admitia francamente que o deck
dele era exclusivamente anti-Seismitoad/Giratina. De facto, nem energy denial
me podia safar, nem Chaos Wheel surtia grande efeito, nem item lock podia virar
o jogo. Nunca encontrei grande resposta para os problemas que ele me colocava,
nem sequer precisando colocar Vespiquen em jogo; Zoroark BREAK foi um trunfo
mais que suficiente para me colocar na ordem, na medida que ele me aplicava a mesma
pressão que eu com Foul Play, sendo que ele ganharia facilmente no prize trade.
Foi um duelo interessante e diferente do que estava habituado, que praticamente
ditou a minha sentença final em relação à participação neste Regional.








Round 4: Ruben Pereira (Garchomp/Hawlucha) WLW – 2-2-0





Já tinha encontrado o Ruben anteriormente em Coimbra aquando
da nossa organização do Trial Challenge, ganho pelo Telmo Pinto, e naquela
altura ele tinha optado pela mesma escolha de deck, que levou o seu amigo Aníbal
Ribeiro ao Top 4 dessa mesma competição. Desta vez viajou a longa distância
desde a cidade do Porto até Sines para competir e estávamos ambos numa situação
desfavorável; eu, aliás, sinceramente já admitia que estava de fora, porque
nove pontos em 5 rounds quase nunca chega para fazer Top Cut. Levei o jogo
ligeiramente mais na desportiva e aproveitei para relaxar um pouco nas mesas
mais lá do fundo, mas sempre respeitando a circunstância de no outro lado estar
um oponente que é uma pessoa bastante íntegra, razoável e com bom discernimento.
O desafio em si foi intenso até: o game 1 foi bastante rápido, ao ter aplicado
item lock bastante cedo e não lhe ter dado oportunidade de poder usar
supporters relevantes; já no game 2 ele pôde começar com Hawlucha e conseguiu
aplicar muito mais pressão, conseguindo ter Garchomps em campo juntamente com
respetivas energias, pelo que os prémios começaram a esvanecer-se rapidamente
sem que eu pudesse dar um prize trade favorável. O game 3 foi mais apertado mas
consegui ganhá-lo após alternar Seismitoad com Giratina quando necessário e
tentando ao máximo evitar que o Garchomp dele conseguisse ter energias
suficientes e reciclei todos os Team Flare Grunt e Xerosic que pudesse,
juntamente com Skyla para Crushing Hammer, para ganhar tempo e prémios até ao
Lysandre final do seu Shaymin, que a meu ver não devia ter colocado em campo
porque esse liability lhe fez perder o jogo. Foi, no entanto, bem disputado e
com muito desportivismo, mas na altura qualquer esperança de ir a Top tinha-se
dissipado na mesma e iria pelo menos lutar por algum booster de consolação ou
poder dizer às pessoas que fiz mais um bubble.








Round 5: Javier de Blas (Seismitoad/Giratina) WLW – 3-2-0





O simpático Javier, proveniente de Madrid, precisava da
vitória para garantir o Top 8; já eu ganhei uma réstia de esperança ao
espreitar os resultados do Regional de Ludwigsburg e perceber que o meu amigo
Otakar Bursa tinha conseguido chegar ao Top 8 com 9 pontos, e isso deu-me
motivação para continuar. Eu tinha desvantagem neste mirror específico porque a
lista dele estava mais concentrada em energy denial, mas senti que a minha
tinha muito maior consistência porque a dele apresentava Puzzle of Time, o que
apesar do que outros possam dizer, não é a melhor adição para este tipo de deck
porque corta bastante ímpeto inicial e reduz a probabilidade de ter um bom
começo além de ser basicamente 4 slots perdidas em item lock, algo que eu
esperaria bastante e decidi não incluir na lista final por esse motivo. Ganhei
o primeiro jogo graças a um Absol dele e à pressão que coloquei desde bem cedo,
mas no game 2 vi a tarefa mais complicada devido a um bom uso do seu
disruption, ao qual fui forçado a descartar muitos recursos e não consegui dar
a volta, mas a partir do game 3 ganhei a mó de cima ao jogar inteligentemente
de início e passar a uma postura mais agressiva, aplicando a combinação
Judge/Quaking Punch depois de ele ter falhado a Double Colorless Energy no
primeiro turno. Mantive o Seismitoad à frente, evitando que ele pudesse
recuperar de um Lysandre colocado a um Shaymin e fui restabelecendo Supporters
preciosos na mão à medida que ele ficava a soro à espera de algo que o
salvasse. O golpe de misericórdia veio quando pus Giratina à frente, usei
Trainer’s Mail para Fighting Fury Belt que apareceu em boa hora e terminei com
o jogo. O desconsolo do Javier foi evidente e compreensível, porque eu passei
muitas vezes pelo mesmo, mas reconfortei-o lembrando que só chega a esta fase
quem realmente joga bem e que ele tinha talento. Era o mínimo que podia fazer.
Sei que é competição mas odeio ver pessoas assim.


Entretanto, os resultados saíram e a seguinte conjuntura
tinha aparecido. Na verdade não estava à espera de conseguir realmente o feito,
sobretudo com tantos a lutar pelo posto, mas os meus oponentes esmeraram-se e
deram-me a vantagem sobre o Paulo que ficou de fora por um ponto percentual.
Foi o Top Cut que menos celebrei, porque o meu próximo adversário era aquele
contra quem não podia fazer nada e seria praticamente um autoloss.
















Top 8: Gonçalo Pereira (Straight Seismitoad) LWW – 4-2-0





Era normal que as minhas expetativas estivessem em baixo
depois do desastre que foi o meu jogo contra o Gonçalo em Swiss, mas de qualquer
das formas retirei essa pressão de mim, e mantive-me focado no jogo em si, sem
pensar em mais nada. Perdi o game 1 sem surpresas, e o jogo parecia encaminhado
para mais uma vitória fácil de um dos melhores jogadores nacionais de todos os
tempos. O game 2 viu, no entanto, uma mudança de faceta quando decidi arriscar
e colocar Giratina em frente depois de conseguir um estado de campo positivo em
que ele não me pudesse aplicar item lock nem fazer pressão imediata ao
Giratina; o meu medo encontrava-se, então, em Supporters e Crushing Hammers mas
a má sorte dele em ter coroa em duas ocasiões não lhe permitiu remover as duas
Double Dragon Energy de uma vez e consegui chegar à mó de cima, sobretudo
depois de um erro dele que lhe custou um prize penalty após ter indevidamente
matado um Giratina ao colocar uma Double Colorless Energy que não podia ter
posto por causa de Chaos Wheel, algo punível em alta competição, mas
compreensível depois de tantas horas de jogo. O game 3 foi o mais intenso que
já tive enquanto jogador de TCG: tremendamente disputado, cada contador de dano
e carta descartada era de extrema importância e um passo em falso significaria
a morte do artista. Consegui tirar dois prémios a um Seismitoad dele depois de
uma troca constante de Quaking Punch de lado a lado e foi isso que fez toda a
diferença; o tempo tinha terminado e as regras de eliminação aplicavam-se – sem
formas de ele me atacar um dos Shaymin com Grenade Hammer, o jogo havia acabado
depois do meu 3º turno de compensação, numa situação em que eu estava na
iminência de perder: não tinha energias, estava prestes a fazer deck out, nem
sequer me tinha dado conta da win condition e naquele ponto estava a lutar pela
Morte Súbita, mas o curso dos eventos determinou uma vitória a ferro e sangue a
um adversário absolutamente digno que não merecia ter saído prematuramente da
competição.








Top 4: Telmo Pinto (Night March) WLW – 5-2-0





O Telmo é por estes dias um dos jogadores portugueses em
melhor forma por força dos seus bons resultados constantes, excelentes
metacalls e aprofundado conhecimento do formato o que o faz ser um oponente
temível. Ele confidenciou-me antes do jogo que estava grato em ter calhado
comigo para a meia-final por considerar que eu era o matchup mais favorável ao
deck dele – e, vendo que do outro lado estariam Greninja e Straight Seismitoad,
ele tinha toda a razão – mas o contrário também era verificável, e Night March
era de igual forma o deck que me dava melhores hipóteses de sonhar com uma
final.


O nosso jogo começou com um golo tardio do Benfica frente à
Académica, acompanhado de euforia por parte dos outros semi-finalistas e
restante público afeto aos encarnados, e o meu estado de espírito, após o meu
milagre frente ao Gonçalo Ferreira, era de absoluto nirvana: o meu campeonato
estava mais que ganho e não tinha nada a perder; o Telmo, por seu lado,
precisava da vitória para garantir o convite para o Mundial, ao qual lhe
faltavam uns míseros 5 pontos que lhe deveriam ter sido atribuídos numa situação
anterior. Ele começou o jogo de forma muito agressiva, como é apanágio de Night
March, mas para azar dele, não conseguiu colocar 9 Night Marchers na pilha de
descartes no seu primeiro turno de ataque, algo que me deu grande vantagem após
ter conseguido uma cara bem sucedida num Super Scoop Up. O item lock forçou-o a
descartar o deck inteiro e a entrada em cena, mais tarde, de Giratina, foi
determinante para tentar controlar o matchup que acabou com a minha vitória no
game 1; no game 2, o Telmo encontrou melhor capacidade de resposta e aplicou
muita pressão logo desde o início, calculando minuciosamente as jogadas como se
de uma partida de xadrez se tratasse, e ganhou o prize trade confortavelmente,
à medida que eu não conseguia acompanhar o ritmo dele; o game 3 foi de bastante
azar para o meu adversário: começou com um Pumpkaboo solitário, ficou a 20 de
dano de poder dar um KO importante no primeiro turno, e ficou à mercê de um
Judge/Quaking Punch meu, que terminou com as hipóteses de ele ripostar em 2
turnos; bastava-lhe ter tido uma forma de fazer draw e eu teria perdido esse
jogo seguramente. Apesar de me ter corrido melhor do que o jogo anterior, esta
meia-final foi de uma importância tática extrema que podia ter pendido para
qualquer um dos lados. Desta vez tive a estrelinha da sorte. O Telmo é um
jogador de capacidades reconhecidas que estará presente no Mundial com toda a
segurança e que irá fazer uma boa prestação; já quanto a mim, não estou tão
seguro disso, nem sequer do meu próprio valor enquanto jogador. É isso que faz
a diferença.








Final: Gonçalo Ferreira (Greninja) WLL – 5-3-0





O meu ânimo leve continuou a imperar nesta final e não
importava o que acontecesse, saía de cabeça erguida. Não escondo que foi
refrescante saber que as pessoas ficaram surpreendidas com a minha colocação
(eu também estava, para dizer a verdade). Gosto disso, de surpreender. Não
gosto que me ponham rótulos ou que esperem que fique na posição x por causa
disto ou daquilo. Nesse aspeto não gostaria de ficar na pele do Igor, de quem é
esperado que vença tudo por onde passa. Não acho que seja algo positivo. Jogo
para me divertir, o que vier a mais é bónus. Mas fiquei contente, claro. E
estes pequenos lampejos de sucesso fazem bem de vez em quando, sobretudo quando
à minha volta competem jogadores que estão entre os melhores do Mundo, e outros
que têm muitos anos de experiência e estão consistentemente a fazer Top Cut por
onde passam, ao ponto de a mim ser uma completa honra poder considerar-me
sequer a um terço do nível deles. Ali era naquele momento, o finalista, não
merecido na totalidade, na minha opinião, porque havia quem tivesse merecido
mais. Não obstante, ali estava. E ia dar o meu melhor.


O Gonçalo é um jogador magnífico. Chegou ao Dia 2 do Mundial
depois de um Dia 1 em estilo, onde arrasou toda a competição. É uma das pessoas
com mais tacto e sentido de metagame no país, e que planeia o seu jogo e o do
seu adversário com facilidade e rapidez impressionantes. Defrontei-o em Lisboa
para o City respetivo e levei uma senhora abada. Aqui queria dar mais luta.


Para surpresa de ambos, ele começou o jogo com um Froakie
solitário. Ai é? Não fiz mais nada. Latios, Double Dragon Energy, Muscle Band,
good game. Soube-me bem. Soube-me MESMO bem. Até porque tinha sido a primeira
vez que o donk foi dado a chamar. Logo na final. Tinha mão e meia no troféu
assim do nada. Mas o Gonçalo fez uma recuperação extraordinária e levou os dois
seguintes jogos com uma estratégia bastante simples: ele sabia que com
Seismitoad não podia acompanhar o damage output dos seus Greninjas, enquanto
que se atacasse com Giratina, ele poderia usar itens e acelerar o seu jogo. O
meu Garbodor entrou em campo, desligou a utilidade principal do Greninja BREAK,
mas não a sua múltipla resiliência. Não conseguia derrotá-los mais depressa que
eles me derrotavam a mim. E cedi no game 3 por ver que não tinha solução de
contrariar a tendência, mesmo depois de ter ultrapassado Jirachi Promo. Foi um
digno vencedor, e eu espero ter sido um digno vencido.















Sines foi uma excelente experiência, e estar com a
comunidade relembra-me sempre o quanto gosto de estar neste jogo. Tornou-se na
minha paixão e anseio sempre pela próxima competição não apenas para continuar
a demonstrar o meu valor e testar-me para ver onde posso chegar, mas também
para rever amigos que fiz e continuo a fazer e que valem a pena e o esforço de
estar aqui. Não ganhei o troféu em Sines, mas ganhei algo muito mais
importante. Espero que assim continue e para a próxima semana haverá novo teste
de fogo com o Regional do Porto, provavelmente o que terá maior assistência em
Portugal. Aí vem a malta de Coimbra comigo. Espero que também apareçam. E que
nos divirtamos todos.

Sobre Lawliet Shinzo

O Lawliet Shinzo é um dos membros fundadores do PokéCenter Blog. Um importante membro do projeto, marca presença em todas as frentes: blog, rádio, YouTube e revista.


1 comentário:

  1. A cada artigo que leio, minha vontade de jogar campeonatos aumenta de tal maneira! Haha

    Muito bom! E a ideia das techs foi uma sacada MUITO boa!

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