A menos de um mês do começo do Nacional e com a legalidade
de Fates Collide consumada, todas as atenções estão centradas no que ocorre em
outras paragens europeias. Neste fim-de-semana, a Alemanha foi a grande
contemplada, apresentando algumas novidades a nível de metagame. Robin Schulz
deu continuidade à versão de Toad/Tina de Fabien Pujol que atingiu o Top 4 em
França e logrou a obtenção do mesmo resultado por terras germânicas. Fatih
Akdemir confiou no metagame britânico e apostou em Trevenant que o fez chegar à
final. Houve inclusive um surpreendente Latios/Vileplume que entrou de rompante
e conseguiu chegar ao Top 8. Mas a cereja no topo do bolo, a luz dos holofotes
está direcionada para a genialidade de Marc Lutz, que agraciou o formato com um
novo cancro que promete marcar forte presença nos restantes Nacionais pela
Europa.
O novo arquétipo, Turbo Toad, foi a resposta counter-meta
para o que se esperava que fosse popular na Alemanha. Seismitoad, Manaphy,
Regice, Articuno e Aegislash são as estrelas de um pelotão forte, pesadíssimo e
com resposta para qualquer tipo de matchup. Foi representado por 3 jogadores no
Top Cut, e chegou mesmo a vencer esse Nacional pela mão de Chrisowalantis
Amanatidis (completando uma final esquisita entre um grego e um turco…na
Alemanha).
And what a meme war it was, gentlemen.
Sou da opinião que a entrada em cena da nova potência
aquática vai mudar consideravelmente a composição do metagame nos próximos
tempos, e que as pessoas terão de fazer adaptações a pensar nisso mesmo. Não é
coincidência que Greninja e VespiPlume tenham tido uma prestação muito débil: o
metagame, enquanto conceito dinâmico, está em constante mudança e a receita
para a vitória está sempre em achar a chave para retirar capacidade de resposta
ao oponente. É possível que a aposta em decks de Erva seja deste modo mais
justificada, que Night March seja ainda o denominador comum na hora de decidir
a decklist final, e que quem vá para o Nacional numa postura mais séria aposte
numa lista que privilegie a consistência e o early game setup de forma a evitar
surpresas sobretudo agora que N reentrou no formato. Tenho algum grau de
certeza de que a maior representatividade de decks no Nacional português será composta
por Greninja, Night March e Seismitoad por apresentarem as apostas mais seguras
nesse sentido.
Mr. Toad is back in the game.
Não é fácil prever, de todo, qualquer singularidade que
defina o Nacional de forma a poder antecipar a jogada certa, sobretudo com a
pletora de talentos que abundam no país. É bem certo que o domínio dos
jogadores mais experientes tem sido notório e não deverá mudar muito visto que
os jogadores que entraram no jogo mais recentemente não atingiram um grau
relevante de sucesso nas competições anteriores e, a menos que aconteça algo
realmente surpreendente, as perspetivas apontam para a continuidade do
monopólio de quem já é um valor consolidado em Portugal. Existem, no entanto,
vários fatores a ter em conta e será sobre eles que me debruço na avaliação
daquele que eu considero que será o Top 8 no Nacional deste ano, bem como
algumas menções honrosas que podem perfeitamente chegar lá num dia bom.
Menções honrosas:
Telmo Pinto
Teve uma performance sólida ao longo de toda a temporada,
amealhando inclusivamente os top finishes suficientes necessários para garantir
o invite para o Mundial ainda antes do Nacional. A vertiginosa subida de
rendimento recente, que o coloca entre os melhores jogadores portugueses da
atualidade, é um fator que abona muito a seu favor; contudo, o garante dos
pontos necessários representa menor pressão para conseguir um bom resultado na
grande competição. Não é que ache que o Telmo não tenha capacidades para chegar
ao Top – é um dos mais sérios candidatos a lá chegar – mas as minhas outras
escolhas, tanto por necessidade como por outras variáveis, poderão ter aquela
margem maior de competitividade num evento que o próprio tem o privilégio de
levar mais para o fun. Pela via do seu extenso conhecimento sobre o jogo, no
entanto, o Telmo é sempre um concorrente forte que pode facilmente ultrapassar
os seus opositores quando empenhado e sempre um nome a ter em conta na possível
posição de vencedor este ano.
Bernardo Dias
Tenho em mim a ideia que o Soul seja um jogador com um
potencial tremendo e tem já um significativo historial entre as hostes
portuguesas. A temporada não lhe correu de feição mas é inegável o reconhecimento
de que a sua capacidade inventiva por altura de Nacionais foi determinante para
resultados passados que podem perfeitamente repetir-se quando conjugado com um
pleno domínio teórico e habilidade de ler o estado de jogo que o leva a tomar
decisões corretas ou a virar jogos em plena desvantagem. Acredito com franqueza
que a comunidade por vezes seja algo condescendente com ele mas ao mesmo tenha
consciente noção das suas capacidades, que terão de estar num dia de bom humor
para que se possa mostrar na sua plenitude. Será determinante que a sua escolha
de deck seja capaz de retirar capacidade de resposta ao oponente e proporcionar-lhe
situações em que possa tornear as ações adversárias; ele sabe exatamente o que
fazer em qualquer caso e isso dar-lhe-á imensa resiliência ao longo do torneio.
João Dionísio
Um nome ainda desconhecido pela comunidade, o Dionísio tem o
meu aval de ser considerado o melhor jogador de Coimbra. O seu único motivo
para não ter chegado mais longe prende-se com a sua indisponibilidade temporal
de se deslocar a mais eventos devido a frequentar Medicina, e nos poucos em que
vai não consegue habitualmente transcender o seu azar nos matchups (resultando
em, discutivelmente, maus metacalls). Conta com um Top 8 no seu currículo na
época passada, mas o seu parco feito não apaga a sua tremenda capacidade de ler
o jogo. O Dionísio consegue ser dos poucos jogadores que já enfrentei que
consegue intimidar-me devido ao seu jogo mental de agressividade extrema (uma
das suas especialidades) aliado à perceção plena do tabuleiro que o leva a
fazer pouquíssimos misplays. A falta de ritmo competitivo será porventura a
grande falha dele, uma vez que tanto na aplicação teórica como na prática
constitui definitivamente um jogador de categoria elevadíssima com francas
hipóteses de chegar longe no Nacional se vier bem preparado.
TOP 8
Oscar Batalha
O Oscar é um dos jogadores mais curiosos e intrigantes que
me lembro de ver jogar durante a minha curta carreira. Raramente as suas
escolhas são ortodoxas e a sua linha de ação passa sempre por arriscar em
composições meta-ish/tech-ish que não raras vezes lhe trazem grandes dividendos
(como o tremendo metacall de Sceptile no Regional de Lisboa em Abril). Como
representante máximo da Team Shizzle, fará questão de realizar uma boa
prestação no Nacional, mesmo com invite para o Mundial garantido, devido ao seu
estilo competitivo e determinado. A sua dedicação e a sua capacidade de análise
teórica são provavelmente os seus pontos mais fortes. Foi provavelmente a
escolha que me fez deliberar mais entre ele e o Telmo para quem conquistaria o
Top 8; ambos são extremamente consistentes nos seus resultados e perfeitamente
motivados, mas a experiência do Oscar neste tipo de eventos deverá dar-lhe a
margem necessária para conquistar o tão almejado lugar cimeiro.
Paulo Silva
Apesar de uma temporada abaixo das expetativas para o Paulo,
que arrancou já mais para o final, pode-se esperar de tudo de um jogador que
teve o seu auge no Mundial de 2014 com um brilhante Top 4 e tem, acima de tudo,
um vasto arsenal de recursos técnicos para bater a concorrência por um lugar no
Top Cut. O facto de ainda não ter garantido o invite para o Mundial constitui
motivação adicional para realizar uma excelente exibição nesta última
oportunidade de poder acompanhar a comitiva portuguesa na peregrinação anual à
terra da liberdade. As suas escolhas mais recentes têm a característica de
serem anti-meta (refletidas no seu deck de Vespiquen/Zoroark) e portanto
averiguar o quão bem o seu metacall dará frutos no Nacional é ainda uma
incógnita, mas a conjuntura existente coloca-o como um candidato claríssimo à
posição prevista.
Gonçalo Pereira
Tal como o Paulo, o Gonçalo também já conheceu os holofotes
que lhe expuseram ao Mundo e o elevaram para outro nível de competição com a
sua conquista do Top 8 no mesmo Mundial de Washington e trata-se, por isso, de
um jogador de enorme talento. Similarmente, esta temporada também não correu de
feição para o residente de Azeitão que apesar de tudo conseguiu ainda arrebatar
um Regional e chegar a Top 8 em Sines, onde foi derrotado por mim num jogo
absolutamente épico. De resto, também a última possibilidade de amealhar pontos
que o permitam ingressar no Mundial este ano é o grande propósito para o
Gonçalo que certamente encontrará nele todas as forças para chegar lá. O que me
pareceu, no entanto, é que tem tido flutuações de forma arrítmica no seu
desempenho: se num jogo consegue ser absolutamente perfeito, imparável e
prevenir qualquer reação por parte do oponente, no outro faz algumas misplays
cruciais passíveis de o prejudicar fatalmente em alta competição. As
circunstâncias dirão qual a sua posição pendular em tempo de Nacional onde a
concentração é chave.
David Ferreira
É o campeão em título e cabe-lhe a tarefa sempre hercúlea de
defender esse estatuto num ano onde a concorrência, embora não muito extensa em
quantidade, afigura-se como intensa em qualidade. O David, no entanto,
comprovou ser um jogador capaz de ultrapassar qualquer adversidade e tem
construído uma enorme reputação nos últimos tempos, fazendo já parte dos
quadros da FTW - equipa que embora especializada em League of Legends
estendeu-se recentemente para Pokémon – e alcançando Top Cut com regularidade
impressionante, ainda que sem a plena objetividade que outrora apresentara para
vencer eventos de maior magnitude. O cenário não deverá mudar para o Nacional:
embora o próprio possua confiança inabalável na sua capacidade, o que constitui
sempre um ponto positivo em competição, o metacall e a resiliência determinarão
o quão longe chegará no torneio. Jogador de extrema fiabilidade e tremendamente
talentoso, é uma aposta segura para chegar, pelo menos, a Top Cut, com fortes
possibilidades de chegar mais longe e até revalidar o título.
TOP 4
Bernardo Mocho
Tenho enorme consideração pelo Mocho enquanto jogador e
considero-o de uma inteligência lógica extraordinária (a sua forma de jogar
faz-me lembrar muito a do checo Ondrej Skubal, que é federado em xadrez e quase
punha as mãos no fogo em como o Mocho também é hábil nesse aspeto) que o
coloca, de forma quase natural e em praticamente qualquer competição em que
participa, numa escala mais elevada do que a média dos participantes. Por ter o
invite garantido ele pode relaxar e provavelmente dar lugar a quem ainda
precisa de pontos mas em circunstâncias normais o seu enorme poder de controlo
sobre o tabuleiro dão-lhe uma vantagem enorme para assegurar uma posição muito
elevada no fim do torneio. Vencedor do Regional de Sines e um jogador
amplamente respeitado na comunidade, não será surpresa nenhuma vê-lo vencer o
Nacional se tal hipótese tiver oportunidade de se apresentar.
Pedro Barbosa
Este rapaz é absolutamente incrível. Depois de um hiato de 6
anos, aparece no Nacional do ano passado como quem não quer nada e prostra a
concorrência a seus pés com relativa facilidade, seguido de uma época marcada com
285 pontos e com os excelentes resultados alcançados com Greninja, ele que
considero que seja o melhor jogador Nacional neste momento a jogar com esse
deck, muito apropriado ao seu estilo. Característico, conciso e assertivo, o
Pedro é uma séria ameaça para qualquer adversário mesmo em listas onde não se
sinta tão confortável e já demonstrou ter tanto o conhecimento como a
habilidade e até o mindset necessários para prevalecer neste Nacional; imaginem
o que ele possa fazer então com plena preparação. Gostava de o ver em ação no
Mundial pois sinto, na minha perspetiva, que apesar de toda a sua experiência
adquirida, ele ainda irá ter muito mais para mostrar. A ele, bastará uma
escolha segura que o consiga controlar os matchups que muito dificilmente não
chegará ao Top Cut, a menos que não queira mesmo, o que se afigura improvável
visto que com a recente recusa da TPCi em proporcionar um LC no Porto, ele se
verá forçado a dar o seu máximo para ir ao Mundial; e podemos esperar esse
máximo dele.
FINALISTA
Gonçalo Ferreira
A meu ver, o jogador mais completo a atuar neste momento em
Portugal. A sua maior força, o gameplanning, coloca-o num nível superior e a
sua performance no Mundial passado, que apesar de um débil Dia 2 conseguiu
ainda assim alcançar prestígio e números francamente positivos no Dia 1 entre
pares de classe mundial, garantindo-lhe uma imensa resiliência capaz de
responder às mais variadas adversidades. Mesmo com decklists que possam parecer
estranhas ou menos vistas, ele apresenta enorme grau de confortabilidade e
confiança nele mesmo, e a sua forma de modelar a estratégia do jogo a “três
dimensões” são atributos que fazem do Gonçalo um dos favoritos a vencer o
Nacional. Raramente se deixa enganar e possui uma atenção especial aos
detalhes, desenvolvendo o seu jogo como uma engrenagem onde todas as peças
encaixam na perfeição de forma a fazer fluir o seu funcionamento na sua
plenitude. Acredito que fará uma boa leitura do metacall e, ainda mais, que
tenha uma prestação ímpar em todo o torneio, independentemente da sua
qualificação final.
CAMPEÃO
Filipe Cardoso
Sendo o jogador português com mais CP nesta temporada, a
performance do Filipe tem sido irredutível e incomparável com a de qualquer
outro patriota: garantiu Top Cut em quase todas as competições em que
participou, e sempre com elevado nível de sucesso tanto técnico como
exibicional. O seu crescimento tem sido notório e é incontestável neste momento
o direito que ele tem de reclamar um lugar no Olimpo lusitano, que poderá ser
reforçado com uma eventual participação positiva no Mundial que o ajudará,
indubitavelmente, a desenvolver-se ainda mais e a criar um nome vincado na
comunidade internacional. A motivação do Filipe para esta temporada, adicionalmente,
surge com a possibilidade ainda firme de garantir uma posição no Top 22 Europeu
que disponibiliza viagem e estadia paga pela TPCi, algo que é de extrema
importância para a comunidade e que ajudará certamente na adoção de uma postura
mais solidária por parte dos concorrentes que desejam ajudar a que tal se torne
possível e que a comitiva fique a ganhar com a situação. Para tal, precisa de
vencer o Nacional. E dado o que mostrou esta temporada, no seu brilhante
momento de forma, o Filipe é neste momento o grande favorito e nele se
depositam grandes expetativas relativamente à grande competição portuguesa do
ano.
E, apesar de tudo o que possa acontecer, que imagens gloriosas como esta se possam repetir este ano. Boa sorte a todos!
E dos seniores ?! :P
ResponderEliminarE dos seniores ?! :P
ResponderEliminarEu só conheço para aí 3 seniores, não sei desse escalão o suficiente para opinar mas creio que és claramente o grande favorito.
ResponderEliminarThanks!
EliminarEu só conheço para aí 3 seniores, não sei desse escalão o suficiente para opinar mas creio que és claramente o grande favorito.
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